Campos Eliseos

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CAMPOS ELISEOS - SÃO PAULO

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Cenas de terror: Visite os escombros da Cracolândia


Quem teve de passar hoje pelas imediações da antiga rodoviária, praça Júlio Prestes, Duque de Caxias certamente se horrorizou com a cena que viu.
Eram duzentos, trezentos homens, mulheres, crianças, velhos amontoados, andando feito zumbis, em meio aos escombros abandonados da antiga rodoviária e prédios vizinhos. Parecia um formigueiro humano, maltrapilho, como aqueles amontoados de miseráveis que vemos em filmes de catástrofe andando a esmo. Parecia um Haiti sacudido pelo terremoto, em meio a escombros, fome, miséria, como tantas outras desgraças que assolam a humanidade e a põem a nu, no olho da rua, abandonada. Curioso que as cenas do Haiti causam pena, já as da Cracolândia parece que causam desprezo, nojo. Qual a diferença entre essas tragédias?: a primeira é natural, mas a segunda é produzida pela prepotência e pela indeferença humanas. Julgue você mesmo qual impressiona mais.
Do lado de fora desses escombros, a polícia, militar e metropolitana, apenas contempla, também atônita, essa cena dantesca. Alguns policiais se calam, outros acabam desabafando, expressando seu horror pela própria inutilidade e impossibilidade de ação. Parecem igualmente zumbis, também de mãos atadas. São eles, muitas vezes, as “buchas de canhão” que a prefeitura e o governo do Estado põem na rua para dizer que “estão fazendo alguma coisa”. Mas onde está a “inteligência” do Poder Público nas ações preventivas de monitoramento do tráfico e na prisão dos traficantes? 
Dentro do terreno, alguns agentes de saúde, de colete azul, tão ou mais despreparados que os próprios zumbis. têm a inglória tarefa de “cadastrar” usuários e moradores de rua. Mas para que serve esse cadastro, afinal, se não há políticas públicas, albergues, ações e projetos de saúde, ação social?. Por onde anda, aliás, a secretária municipal de Assistência Social (Alda Marco Antonio)? E o prefeito, os vereadores? Misturado ao formigueiro, um grupo de uns cinco alunos de uma universidade, com seus jalecos brancos, tentava circular entre esses infelizes (mas o que podem fazer? Apenas ver, apreciar o aquário?).
A cena poderia também evocar uma revirada no “entulho” em razão da matéria de capa da Folha de S.Paulo de ontem ou mesmo do tratamento breve do assunto no SBT (aliás, havia um reporter do SBT por ali, mas não parecia interessado em ouvir o que podíamos dizer como moradores do bairro). Alguém então grita algo como “Hoje teremos visita de político…”. E o movimento de entra e sai continua…
É essa, enfim, a realidade da Nova Luz, espraiando-se perversamente pela Santa Ifigênia, por Campos Elíseos, por Santa Cecília (vide os baixos do Minhocão)… Junto a esses farrapos humanos, muito lixo, restos de comida, fezes, urina… Tudo muito sujo, tudo muito degradado.
Na proteção de seu confortável gabinete logo ali na Praça Júlio de Mesquita, na imponente (só para eles) Sala  São Paulo de importantes concertos internacionais e nacionais, jaz o secretário Andreas Matarazzo que disse, recentemente, poder ver, agora que botaram o prédio da antiga rodoviária no chão, o “belo” monumento de Duque de Caxias em seu cavalo na Praça Princesa Isabel. Pensa em removê-lo para algum lugar mais nobre, por certo, pois obras de arte não condizem com ambientes e pessoas degradadas… Já a miséria e a desgraça da Cracolândia cada vez mais viva, forte e ameaçadora… quem vê?
E depois somos obrigados a ter que ouvir candidato que não cuidou nem seuqer desse quarteirão dizer que vai resolver o problema do chrack no país.
É preciso muita desfaçatez para dizer isso, mas também muita desfaçatez para depositar o voto nessa gente!

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