Campos Eliseos

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CAMPOS ELISEOS - SÃO PAULO
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sexta-feira, 10 de março de 2017

CAMPOS ELISEOS RECEBE PROJETO REVITALIZADOR !!!


“Copan” da Luz inicia parceria 

público-privada de moradia no país


Terreno 2019 - Projeto Computadorizado

Construção terá 1 202 apartamentos populares e foi concebida para ajudar na revitalização do centro


A inauguração da rodoviária da Luz, em 1961, foi um dos fatores que contribuíram para a decadência do centro. O movimento afugentou de lá muitos moradores, que se mudaram para bairros como Higienópolis. O terminal acabou sendo desativado em 1982, e o terreno de 18 000 metros quadrados ficou abandonado. Agora, vai abrigar um empreendimento que tem por finalidade revitalizar a região. A partir desta segunda, 23, começa a ser erguido ali o Complexo Júlio Prestes, um conjunto de oito blocos de uso misto.

Os edifícios terão 1 202 apartamentos residenciais (42 a mais que o Copan, localizado a 2 quilômetros de distância). As unidades, que possuem entre 40 e 54 metros quadrados, serão destinadas a famílias com renda de, no máximo, seis salários mínimos. Outra condição para morar ali é que pelo menos um morador trabalhe na região.
Os imóveis serão vendidos com preços a partir de 260 000 reais, financiados em até vinte anos. O local terá ainda uma área comercial com 66 estabelecimentos, entre lojas e restaurantes, além de uma creche para 200 crianças. A Escola de Música Tom Jobim, que hoje funciona em um imóvel alugado nas imediações, também será transferida para lá. A construção ficará pronta em dois anos.
O investimento de 1 bilhão de reais foi viabilizado por meio de uma parceria público-privada, a primeira realizada na área de habitação do país. O projeto é uma iniciativa do governo do Estado de São Paulo em conjunto com a construtora mineira Canopus Holding.
O Poder Executivo vai desembolsar 460 milhões de reais no projeto, entre subsídios aos moradores para a aquisição dos imóveis e uma taxa fixa de manutenção paga à Canopus (cerca de 214 000 reais por mês). A companhia terá direito a fazer a exploração do setor comercial do conjunto. “O sorteio que vai selecionar as famílias já conta com 149 000 inscrições, que ficarão abertas até julho”, afirma Rodrigo Garcia, secretário de Estado da Habitação.
Da janela de alguns dos apartamentos será possível avistar a Cracolândia. Na noite da última terça, 17, um confronto entre a Polícia Militar e usuários de drogas da região terminou com um soldado ferido e oito pessoas detidas. De acordo com levantamento feito pela Secretaria de Segurança Pública, o número de roubos nas regiões de Campos Elíseos, Santa Cecília e Luz aumentou 25,4% nos últimos três anos.
O 3º Distrito Policial, responsável pelo pedaço, figurou como o campeão nos registros de roubo na capital em 2016. Somente entre janeiro e agosto, 2 800 casos haviam sido assinalados — quase oito por dia.
Para alguns especialistas, o Complexo Júlio Prestes pode melhorar esse cenário. Segundo o diretor do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva, Pedro Taddei, a combinação entre habitação, comércio e cultura é ideal para impulsionar mudanças positivas. “A moradia impede que o bairro fique totalmente deserto durante a noite”, comenta.
Ele elogia também a obrigatoriedade de haver pelo menos um morador por apartamento trabalhando no centro. “É uma boa estratégia para evitar gastos com o transporte público e aliviar o trânsito”, completa.
Terreno Atual  - 2017

Por Mariana Gonzalez - Veja São Paulo

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

'Favelinha' surge em calçada na cracolândia, no centro de SP - By Folha de S.Paulo


Dependentes químicos se concentram na rua Dino Bueno, na região da cracolândia

Uma "favelinha" surgiu na calçada do terreno da antiga rodoviária de São Paulo, no coração da cracolândia.
As moradias improvisadas ficam na alameda Dino Bueno e na rua Helvétia.
Lá, cerca de cem barracos de madeira e plástico se escoram no alambrado instalado para evitar que viciados em crack tomassem conta do terreno, hoje abandonado.
Procurada pela Folha, a prefeitura não se pronunciou especificamente sobre o surgimento da "favelinha".
Informou que atua na região, incluindo as vias onde foram erguidos os barracos, com equipes de saúde e limpeza, além de guardas civis.
"Os orientadores sociais realizaram 1.169 abordagens nos últimos 30 dias, que resultaram em 341 encaminhamentos para a rede socioassistencial", afirmou, em nota, a gestão Fernando Haddad (PT).
Além dos viciados, moradores de rua e catadores de papelão também ocupam o local. Algumas crianças circulam entre o grupo, mas ninguém soube dizer se elas moram nos barracos.
Comerciantes dizem que esses ocupantes sempre viveram ali, mas decidiram erguer os barracos após a demolição de imóveis abandonados conhecidos por "casarões do crack".
As demolições ocorreram há dois anos, dentro da ação conjunta da prefeitura e do governo do Estado, que tinha a promessa de acabar com o tráfico na região e levar dependentes para tratamento.
De acordo com um comerciante, apesar de haver postos da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana, brigas e furtos são frequentes.
No terreno isolado pelas grades, o governo do Estado planejava construir um centro cultural com três teatros.
A área hoje tem mato alto, montes de lixo e continua sendo usada pelos viciados --também como banheiro.
O Complexo Cultural da Luz, anunciado pela gestão José Serra (PSDB) em 2008, ficaria pronto em 2010. O novo prazo agora é 2017.
Já foram gastos R$ 170 milhões em desapropriações, demolições e no projeto. O centro foi projetado pelo mesmo escritório suíço autor do estádio Ninho de Pássaro, construído para os Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
O complexo era para ser um dos principais equipamentos públicos da Nova Luz, iniciativa da gestão Gilberto Kassab (PSD) para revitalizar a cracolândia.
O plano, que custou R$ 14,6 milhões, foi engavetado por Haddad, que aposta em parcerias público-privadas para fazer edifícios.

UMA VERGONHA !!!







By Ary Neto
Colaboração Folha - Cotidiano 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

DESCASO, CRACK E VÍTIMAS EM PLENO CENTRO DE SÃO PAULO. (CARNAVAL 2013)

A cada dia que passa me pergunto o que nossos governantes pensam deste abandono das vítimas do Crack.

Após 1 ano do Fim da "Nova Cracôlandia" nada mudou, mais e mais pessoas utilizam Crack a céu aberto, mesmo com tantos chamados no "190" da Polícia, após tantas reportagens sobre o assunto, mesmo com a internação compulsória, a Praça Julio Prestes e arredores continuam com este estigma.

Enquanto na Avenida Nova Faria Lima e na Avenida Paulista nossos governantes mostram luxo e limpeza, na região de Campos Eliseos o abandono é total.

Com a entrada de Fernando Haddad nada ainda mudou, o lixo e descaso imperam.
Este assunto ainda não é prioridade e os intelectuais que cuidam do assunto não sabem bem por onde começar.

Que tal arrumar um lugar certo para eles utilizarem essa droga, um cercado de 1.000 m2 onde o Ministério da Saúde possa dar assistencia, um lugar onde mesmo utilizando Crack, possam ser cuidados, a rua já mostrou não ser o local pra eles, parecem bichos desorientados.

Também pensei em levar todo Craqueiro para trabalhar em reciclagem de lixo, pois eles são especialistas em abrir sacos, desmontar coisas, eles separam tantos itens que chegam a desmontar uma televisão peça a peça só pra achar uma pedra lá dentro.

Se um cachorro louco é preso pela carrocinha, como devemos tratar drogados loucos, vítimas desta droga avassaladora chamada Crack.

Fotos tiradas no Carnaval 2013 que revelam nada...nenhuma mudança, nenhuma novidade.
Governantes qual é o PLANO para tratar este assunto?
2013 já começou e pelo jeito ainda temos muito dever de casa pra fazer.

FORÇA GENTE !!! QUEM SABE ALGUM DIA TEMOS NOVIDADES ?






São Paulo Viva registra mais descaso de Crack e Lixo em Campos Eliseos- São Paulo.
Muito triste !!! by Ary Neto




quinta-feira, 19 de julho de 2012

2016 - CENTRO CULTURAL LUZ

Herzog & De Meuron
Centro cultural, São Paulo

23 de Maio de 2012. 

Versão atual de uma das imagens conceituais do projeto, representado já com suas dimensões reduzidas.
A praça entre o centro cultural e a Sala São Paulo/Secretaria de Estado da Cultura seria espaço estratégico, de acesso e conexão entre as duas edificações
Luz se prepara para o projeto 343
Março será decisivo para o projeto do Complexo Cultural Luz, que os suíços Jacques Herzog e Pierre de Meuron estão desenvolvendo para a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Devem ocorrer as audiências públicas de apresentação e debate do projeto e, assim, “é provável haver, já em dezembro, alguma movimentação no terreno”, declara o secretário da Cultura, Andrea Matarazzo, confiante na maturidade do trabalho.


A partir de 2013 devem ser três anos de construção e, assim, em meados de 2016, os amantes da música e dança terão à disposição uma espécie de parque tropical habitável, na região central da capital paulista.
A malha de áreas verdes da região da Luz embasa conceitualmente o projeto. Sua linguagem fluida orientou o desmembramento da caixa do teatro em dois volumes paralelos




O Complexo Cultural Luz, projeto do escritório suíço Herzog & De Meuron, é um misto de escola e centro de espetáculos, abrigados em um edifício de concreto composto por lajes superpostas e deslocadas em malha ortogonal, totalizando 200 metros de comprimento por 90 metros de largura.
Por três meses acompanhamos a equipe que está desenvolvendo a muitas mãos o Complexo Cultural Luz. Faltam dois ciclos, do total de dez, para a finalização do projeto básico, com o que se pretende pré-qualificar as construtoras e planejar o edital da obra.
Herzog, De Meuron e Ascan Mergenthaler, sócio do escritório suíço, trabalham em sincronia com os seus parceiros de engenharia, acústica, instalações,eficiência energética, estrutura, fachada e paisagismo, entre os quais figura o time brasileiro que dá o suporte local e interfere nas decisões de projeto.
Está a cargo da inglesa TPC - Theatre Project Consultants a consultoria de teatro, e aos conterrâneos da Arup os projetos de estrutura, sustentabilidade e instalações, desenvolvidos em parceria com os brasileiros da Contag (fundações), Favale (estrutura), L&M (instalações), Proassp (impermeabilização) e Empro Engenharia (elevadores).
Já os alemães da Mueller- BBM concebem a acústica e os sistemas de fachada em conjunto com a consultoria local de Paulo Duarte e Harmonia Acústica, enquanto os cariocas de Bernardes e Jacobsen Arquitetura tropicalizam o projeto arquitetônico e Isabel Duprat concebe o paisagismo.
Todos coordenados no Brasil por José Luiz Canal, o engenheiro- -arquiteto que esteve à frente da obra da Fundação Iberê Camargo, de Álvaro Siza, em Porto Alegre.
“Nossa tarefa é a da construção com alto padrão e excelência técnica.
Este modelo simula a interação dos fluxos na rampa central do complexo cultural
As salas de aulas deverão ter fechamentos envidraçados, com generosa iluminação natural e vista para um dos jardins propostos no projeto paisagístico
Conceitualmente, o projeto é o somatório de lâminas sobrepostas e entrecruzadas
Se a Fundação Iberê Camargo é um relógio que funciona bem, é porque teve um time competente”, ele analisa. Simultaneamente ao projeto paulista, estão nas pranchetas deste time de consultores projetos arquitetônicos e urbanísticos na Ásia, Europa e Américas.
A cada etapa corresponde a aprovação pela Secretaria da Cultura, refinando-se passo a passo não apenas a efetivação do conceito arquitetônico, como também os preparativos para a construção com tecnologia nacional.


Programa consolidado
As imagens a seguir refletem o estado atual do projeto, consolidada a revisão do programa que ocorreu no final de 2010.
Reduziu-se a área construída de 90 mil para 70 mil metros quadrados e “o projeto respirou, reconquistando a transparência e a permeabilidade do conceito arquitetônico”, analisa Matarazzo.
O programa atual contempla a criação de três teatros - o de dança, o experimental e o de recital, respectivamente com capacidade para 1.750, 400 e 500 espectadores -, as instalações das sedes da Escola de Música Tom Jobim e da São Paulo Companhia de Dança, além de áreas sociais, administrativas, técnicas e estacionamento para 850 veículos.
É intensa a agenda de entregas e reuniões remotas do time de projeto, entremeadas por workshops realizados no escritório Herzog & De Meuron na pequena cidade suíça de Basel.
A sede do estúdio e os escritórios-satélites de Nova York, Madri, Hamburgo e Londres (estuda-se a possibilidade de criação de uma unidade em São Paulo quando começar a construção na Luz) reúnem os 356 profissionais vindos de vários continentes e organizados nos grupos dos cerca de 40 trabalhos que estão em desenvolvimento atualmente. Deles, o número 343 é o que identifica o projeto de São Paulo.
A sala de trabalho 343 é a própria memória do projeto. Há maquetes sobre mesas, armários e nichos suspensos e as paredes de livre acesso são tomadas por impressos de diagramas, plantas, planos de massa, programas, cortes e todo tipo de imagem relativa aos assuntos em discussão em cada fase do trabalho.
A dupla de impressos e modelos funciona, então, como extensão da atuação individual de cada membro da equipe, sempre à mostra, a fim de revelar o estado do projeto.
Perspectiva aérea na longitudinal do complexo, localizado no centro da imagem. O edifício é paralelo à Sala São Paulo/Secretaria de Estado da Cultura, contrastando a linguagem oitocentista desta e a fluidez do novo complexo cultural


Esta maquete 1:200 simula as ideias do projeto paisagístico na etapa atual de desenvolvimento do trabalho.
Árvores altas e esguias no interior da edificação fariam frente à malha intrincada de pés-direitos distintos,
enquanto as de grande porte, nas bordas transversais do complexo, filtrariam as visuais e acessos
Vistas conceituais do projeto desde as ruas envoltórias
O material está organizado em grupos, que correspondem aos vários subprogramas do centro cultural - os teatros, as escolas de música e de dança, os espaços públicos, o paisagismo, os elementos e os sistemas arquitetônicos.
“Temos equipes para esses programas e cada arquiteto passa muito tempo testando com os modelos as ideias propostas.
Nossas maquetes servem como instrumento de precisão, não para criar formas imediatamente”, relata Tomislav Dushanov, um dos líderes do projeto.
O processo sequencial de trabalho, então, ganha traço orgânico, porque as decisões de cada etapa interagem de tal forma que o projeto é ajustado, intelectualmente, a todo momento.


A sedução dos teatros


“Teatros são edificações instigantes, misto de ciência, arte, arquitetura e tecnologia”, reflete David Staples, um dos líderes da TPC em Londres.
Refazendo os passos de cerca de quatro décadas dedicadas à profissão, com 56 países na rota de trabalho, ele contabiliza milhares de teatros de drama pelo mundo, centenas de salas de concerto, muitas casas de ópera, mas poucos teatros de dança, como o que se pretende construir em São Paulo. Acontece que o campo de visão é mais restrito no teatro de dança.
Quanto mais frontal e em menos desnível o espectador estiver em relação aos bailarinos, melhor; e a acústica deve privilegiar o som natural em detrimento do amplificado, para haver o equilíbrio entre o que se ouve e o que se vê.
Demandas desse tipo é que tornam ambicioso o projeto paulista, sobretudo quando se pensa no elevado grau de exposição e transparência da arquitetura que Herzog & de Meuron conceberam. “Será um ícone sul-americano”, opina o secretário Andrea Matarazzo.
Foi da janela da sala do então secretário da Cultura, João Sayad, que em 2008 Staples vislumbrou pela primeira vez o terreno de 18 mil metros quadrados reservado ao complexo cultural, na época ocupado por edificações de pequeno porte e pela galeria de comércio popular que nos anos 1990 se instalou na sede da antiga rodoviária de São Paulo. Deles, resta atualmente apenas o prédio do Corpo de Bombeiros, quase no centro do lote plano.
Rememorando o início do projeto, Staples assinala que há sempre uma pressão artística para manter o teatro o menor possível - “porque teatros são locais de comunicação intimista” - e outra, comercial, para fazê-lo maior.


Axonométrica de distribuição dos teatros
A. Teatro de dança
B. Teatro experimental
C. Recital



Axonométrica assinalando os espaços da escola de música e dança



Vistas conceituais do projeto desde as ruas envoltórias
Ele continua “entusiasmado com a complexidade intelectual” do projeto de São Paulo, com a autoridade de quem está no processo desde o planejamento estratégico, passando pela eleição dos arquitetos - Norman Foster, Rem Koolhaas, Cesar Pelli e Herzog & De Meuron foram entrevistados e elaboraram propostas para o complexo cultural -, elaboração do intrincado programa e, agora, o acompanhamento do seu estabelecimento pela arquitetura.
No fim de uma tarde ensolarada de novembro passado, com a avenida Paulista tomada por passeata estudantil, Staples iniciou a conversa sobre o projeto do complexo da Luz elogiando o desempenho de Jacques Herzog na palestra da manhã anterior, no Auditório Ibirapuera, para plateia predominante de estudantes de arquitetura.
“Jacques foi um excelente ator, com excelente script”, sentencia Staples, referindo-se à opção do suíço de falar sobre a fatura do seu trabalho através dos projetos de três pequenos pavilhões.
Toda a complexidade de um Pritzker implícita em imagens de aparente simplicidade foi momento marcante para Staples: “Acredito que, dos star architects, Jacques e Pierre são os mais próximos de não terem estilo”, ele conclui.


Simplicidade complexa


No caso do projeto paulista, a ausência de estilo (formal) se dá pela recusa à criação de um objeto coeso, escultórico. Não há ícones à mostra, não há malabarismos formais ou excentricidades tecnológicas, nem mesmo saltam aos olhos, em meio à cidade, os volumes dos teatros.
Na análise de Thiago Bernardes trata-se, antes, da visão estrangeira de um parque tropical, verde, transparente e vazado, habitado ainda pelas escolas, conjunto de teatros e facilidades do centro cultural.
O raciocínio conceitual é que há no bairro da Luz uma centralidade urbana (cultural e paisagística) que pode ser revelada materialmente, e o projeto, com sua morfologia de escola-parque ou bloco pavilhonar sem muros, mimetiza essa relação especial do construído com a massa verde, latente na área.
O edifício sem fachadas é apreendido como balcões soltos e suspensos, visíveis da rua em meio às copas das árvores.
Assim, se o programa não é o de um teatro ou uma escola isoladamente, mas de um conjunto deles, não há hierarquia primária a se comunicar com a arquitetura.
Elege-se, ao contrário, uma sensação do lugar - vazado, verde, transparente e de conexão entre edifícios de programas compatíveis -, que está na origem do conceito do projeto.
Embora as lajes sobrepostas e deslocadas entre si percorram todo o limite do terreno, não há a contrapartida de um prédio monolítico de concreto, algo semelhante a um exemplar modernista corbusieriano.
Na via oposta, a arquitetura fluida resulta da ausência de fachadas e dos vazios criados pelos balanços e afastamentos entre lajes, tanto nas bordas quanto no interior da edificação.
É desse espaço vazado e da malha intrincada de pés-direitos - que variam de quase três a 15 metros - que tira partido o projeto paisagístico de Isabel Duprat, com o qual se pretende enquadrar com jardins cada janela das salas de aulas.
Cerca de duas centenas de árvores e forrações com texturas inspiradas na mata tropical estão sendo consideradas para o projeto, além de espelhos d’água que, no térreo, pretendem refletir a luz natural que atravessa as aberturas das lajes de cobertura.
O paisagismo está estruturado em faixas nas bordas do edifício que se destinam tanto à integração da arquitetura com o eixo verde da Luz quanto à transição dos domínios públicos para os semipúblicos.
Já nos interiores, um jardim transversal, com dez metros de largura, vai demarcar a rampa suspensa e central que terá a função de ordenar os fluxos.


Uma das imagens impactantes do complexo é justamente a da lâmina contínua e transversal com que a rampa se projeta no ambiente externo. Suas dimensões, traçado e conexão com os foyers dos teatros e áreas de ensaio de dança e música indicam que a rampa, além de elemento distribuidor de fluxos, deverá funcionar como importante ambiente interno de estar, suspenso, a partir do qual se pode visualizar toda a complexidade de organização do programa.
Os teatros, distribuídos em implantação triangular, cada qual próximo a uma face do edifício, são envolvidos pelas instalações das escolas, áreas de entretenimento, estar, administrativas e técnicas, devidamente afastadas entre si de modo a preservar a fluidez, a transparência e a simultaneidade de atividades.
Numa das maquetes 1:200, por exemplo, as salas de ensaio estão representadas por invólucro transparente, mas o que está em processo nesse momento é a eleição da materialidade de cada superfície interna de vedação.
Há múltiplas visuais inter- -relacionadas, pois os recuos entre lajes geram vazios que explicitam a totalidade do programa no domínio interno, de modo que a simples aparência conceitual tenha em contrapartida uma intrincada rede de articulações que desafiam a engenharia e a arquitetura.
É essa complexidade que mantém engajados todos os membros da equipe do projeto.


Texto de Evelise Grunow
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 385 Março de 2012

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Grande abraço
Ary Neto